Quando se fala em herança, o primeiro pensamento que vem à cabeça são os bens materiais. Casas, carros, fazendas, poupança, entre outros. Mas a herança que desejo compartilhar com você é ainda mais valiosa, porque o tempo não apaga e não fica escassa. São hábitos e comportamentos que trazemos conosco, desde pequenos.
Eu tinha por volta de 5 anos de idade, e mesmo muito pequeno, até hoje na minha mente passam imagens como um flash dos finais de tarde com o meus avós paternos, Antônio Franklin e Irene Cordeiro. Era de lei, às 17h tinha que estar pronto para dar umas voltas de carro com meu avô e minha avó pelas ruas de Arcoverde e até por fora da cidade. Eram bons momentos de conversa e carinho.
Mas tinha algo especial nestes passeios – a roupa. Não era de qualquer jeito, tinha que estar arrumado, e o mais interessante, minha roupa tinha que combinar com a do meu avô. Ele mesmo se encarregava de mandar a costureira fazer o conjunto de calça e camisa social. Saíamos como um “Par de jarros”, como diz o ditado popular que tem como origem do árabe jarrâ, «idem». Estávamos sempre muito bem arrumados, prontos para entrar em qualquer lugar e situação.
Ao passar dos anos esse hábito de dar voltas pela cidade continuou me acompanhando. Hoje, junto com minha esposa e nossos três filhos, temos a rotina de sairmos de casa sem destino certo, para andar pelas ruas de Arcoverde, cidade que tanto amo. No carro, bate-papo, risadas, conversas importantes, troca de carinho, contemplamos as belezas da cidade, exatamente como fazia eu e meus avós. Mesmo sem par de jarros, esses passeios continuam sendo tão especiais como o que tinha com meus avós, porque tem o mesmo objetivo – estar mais perto de quem amamos.